domingo, 31 de agosto de 2008

MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS INTERNACIONAIS

Os movimentos migratórios internacionais revelam geralmente as relações estreitas que existem entre crescimento demográfico e o desenvolvimento econômico. De fato, sempre que tivermos uma economia em crescimento, teremos uma demanda de mão-de-obra, que deveria ser satisfeita pelo próprio crescimento natural da população do país. O excedente de população ocorre quando o nível de crescimento da economia de um país não consegue criar empregos suficientes para abarcar o crescimento da população. Assim, a lógica da existência de países fornecedores de migrantes (fluxos emigratórios) e receptores de migrantes (fluxos imigratórios). Essa dinâmica tem como motor principal às desigualdades econômicas entre os países, pois, geralmente, os migrantes partem para outros lugares em busca de melhores oportunidades.
Essa é a perspectiva que até aqui haviam sido abordados pelos livros didáticos, a partir do ponto de vista dos fluxos econômicos e financeiros, onde as demandas migratórias acompanhavam o sentido destes fluxos, o que não deixa de existir ainda. Porém, sobre um novo ponto de vista, atualmente, se observa um verdadeiro êxodo, de proporções bíblicas, que leva populações, maiores que a de muitos paises, a buscar os padrões de vida da Europa ocidental e dos Estados Unidos. Principal destino dos imigrantes, verdadeiras massas, oriundos da quase toda África, parte da Ásia (Turquia) e também de países sul-americanos.
Esta nova perspectiva se insere no contexto de “dois tipos de cidadãos”, um cuja cidadania goza de plenos direitos, possui tempo e espaço suficiente para exercer de forma plena e legal seu direito de ir e vir, estar e não estar, comprar, trocar, voltar e viajar. Este não conhece barreiras, possui passaporte aceito em qualquer nação e não precisa de visto para ir onde quiser. O outro cidadão, não goza dos mesmos benefícios, não é visto como cidadão, assim não tem os mesmos direitos, seu movimento encontra barreiras, mesmo em sua terra natal, motivo de sua migração, ou seja, “a corrida atrás do capital”. Assim, são trabalhadores volantes internacionais. Estes não “consomem” paisagem, como o “cidadão privilegiado”, está em busca de trabalho, muitas vezes clandestinamente (ilegal). Sobrevive com muita dificuldade, acolhido muitas vezes pelas comunidades de migrantes locais ou serviços de religiosos que atuam em pastorais pela causa do imigrante.
No entanto, em ambos os casos podemos, não só encontrar diferenças, como podemos, de forma simplificada, encontrar semelhanças em suas demandas e necessidades. Na sua essência são consumidores, guardadas, é claro, suas proporções. Uma vez que a palavra consumidor significa pertencer a uma sociedade, na qual o consumo vem em primeiro lugar do que ser/pertencer, logo, o verbo ser neste contexto, não possui nenhuma importância, a ação é consumir.
Neste contexto, BAUMAN (1999) dissertando sobre a lógica do consumidor dentro da sociedade de consumo, esclarece que:

“estar em movimento – procurar, buscar, não encontrar ou, mais precisamente, não encontrar ainda – não é sinônimo de mal-estar, mas promessa de bem aventurança, talvez a própria bem-aventurança. Seu tipo de viagem esperançosa faz da chegada uma maldição.”

Este fragmento tem o intuito de explicar que o consumidor é movido pela chama do que podemos chamar “do por enquanto”, buscando o eterno, o gerúndio, onde a linha de chegada não é mais importante, é sim o sinal de fim. Tudo para o consumidor da sociedade de consumo possui um alto grau de insatisfação, onde todas as coisas que querem possuir são coisas rápidas e fugazes, como um tênis que rapidamente sai da moda, ou o carro do ano, que é feito um ano antes etc.
No trecho a seguir BAUMAN menciona:

“Não tanto a avidez de adquirir, de possuir, não o acumulo de riquezas no seu sentido material, papável, mas a excitação de uma sensação nova, ainda não experimentada – este é o jogo do consumidor. Os consumidores são e acima de tudo acumuladores de sensações; são colecionadores de coisas apenas no sentido secundário e derivativo.”

Dentro dessa perspectiva todo mundo de certa forma pode se inserir na moda do consumo; todo mundo pode desejar ser um consumidor e aproveitar esse modo de vida. Uma prova disso são os imigrantes, onde nos países de destinos (caso da França e, recentemente, dos EUA), esses movimentos têm a intenção de permanecerem inseridos dentro do mercado. Eles não lutam contra as leis do mercado, pretendem estar de alguma forma dentro do mundo do consumo e ter um padrão de vida semelhante aos nascidos nestes paises.
Por fim, vivemos num mundo de aparências onde a estratificação da sociedade produz cidadãos de segunda classe.

Fatores atrativos e/ou repulsivos das migrações
Econômicas
- provavelmente deverá ser a causa fundamental que leva as pessoas a migrarem. Quase sempre resultante das diferenças de desenvolvimento socioeconômico entre países ou entre regiões. Nestes casos, os indivíduos migram porque querem assegurar em outros locais um melhor nível de vida, onde os salários são mais elevados, as condições de trabalho menos pesadas, onde a assistência social é mais eficaz, enfim, vão para onde pensam encontrar uma vida mais agradável. O que, diga-se de passagem, nem sempre acontece.

Naturais
- em geral, este fator de migrações, leva a que sejam migrações forçadas, pois devido a causas naturais (cheias, terremotos, secas, vulcões...) a vida e a sobrevivência das pessoas fica em risco, encontrado-se, assim, forçadas a abandonar os seus locais de residência.

Turísticas
- são as que são efetuadas pela, em determinadas épocas (ou estações) do ano, configurando uma forma de migração sazonal.

Laborais
- são as migrações que se efetuam por motivos profissionais. Podem, também, serem sazonais e, de um modo geral, são temporárias.
Por exemplo, os docentes e pesquisadores (cientistas, professores universitários, etc) que, na sua maioria, são deslocados (involuntariamente ou não) para escolas diferentes e, por vezes, longe das suas residências.

Políticas
- são migrações que devido a mudanças nos governos de países, alguns habitantes se vêem forçados a saírem desse país.
Por exemplo, quando se deu à descolonização e independência de alguns países africanos, muitos dos seus habitantes tiveram de migrar para outros países; como os portugueses em Angola, Moçambique, Guiné, e, também, com franceses no Marrocos, Argélia, Indochina, e com os ingleses na ex-Rodésia, etc...

Étnicas
- esta palavra, muitas vezes confundida com racismo, tem mais a ver com diferenças entre culturas e povos, podendo ou não ser da mesma raça.
Por exemplo, na II Guerra Mundial, o holocausto na Alemanha onde o povo judeu constituía um povo inferior, contudo, eles eram ambos alemães e judeus de raça branca. Também recentemente, na ex-Iugoslávia, com o genocídio praticado pelo governo de Slobodan Milisevik (de etnia eslava/ de nacionalidade servia) em relação ao povo albanês, localizados no território do Kosovo.

Religiosos
- há muitas migrações de motivação religiosa, em direção a uma determinada cidade sagrada ou centro de fé.
Por exemplo, podemos citar as peregrinações a Fátima, Santiago de Compostela (Espanha), Lourdes (França), Meca (Arábia), entre muitos outros. A título de curiosidade, a religião muçulmana obriga cada um dos seus crentes a deslocarem-se pelo menos uma vez na vida, a Meca, ao túmulo do profeta Maomé.

Referências Bibliográficas para consulta:

- BAUMAN, Zygmunt. Turistas e vagabundos. In Globalização: as conseqüências humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar ed., 1999.

- O circulo do Geógrafo. Disponível em http://clientes.netvisao.pt/carlhenr/9ano4.htm. Acesso em 23 junho de 2007
- PEREIRA, Diamantino Alves Corrêa. Geografia: Ciência do Espaço: O Espaço Mundial, São Paulo, १९९३
अनेक्सो

Um comentário:

adalardtaing disse...

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